sexta-feira, 27 de julho de 2012

Festa Junina


Ah tempo bom
 De Festa Junina.
 Hoje bem mais notória em Caruaru
 Em Campina Grande.
 Mas, me digam
 Onde estão hoje
 As Festas Juninas de minha infância?
 Das donzelas bonitas
 Dentro de vestidos rodados
 Todo com remendos
 Enfeitado com tanta estampa
 Que dava charme
 Quando a moça segurando a bainha
 Rodopiava pela terra batida do meu coração
 Fazendo meu coração palpitar feito taquicardia
 Ah noite fria
Antes das estrelas e da lua
 Sobre meu chapéu de palha
 As bandeirolas do meu sertão
 Multicores em cordéis espalhados pelo terreiro
 Cruzavam todo céu estrelado.
 E do alto do mastro
 A bandeira do Santo abençoava;
 Era Santo Antônio
Casamenteiro para as donzelas sonhadoras.
 São João E São Pedro
 Para sertanejos de muita fé.
 Mas bom demais mesmo
 Era a quadrilha
A singeleza das donzelas
 Seguindo a marcação
 Pelos braços de seus pares.
 E de refrão em refrão
 A música animava
 E levava de roldão Rostos, creon...
 Faziam Bigodes e barbas
 Em rostos cavalheiros.
 Tinha até padre
Para o casamento na roça;
 Um Pai: Um velho coronel sem patente
 Protegendo sua cria
 Até que pegassem o anel
 Em pau de sebo bem untado
 Para ganhar então a mão da donzela
 E depois dançavam a noite inteira
 Ao som da velha sanfona
 E da toada do cantador:
 Até canto de Quadrilha se ouvia “Caminho da roça...”
 - Lá vamos nós... “Olha a cobra aí”
 -Vamos fugir “É chuva na roça” -
Vamos molhar “Todo mundo pra paioça” -Pra namorar.
 E seguia a cantoria.
 Ah que brincadeira boa!
 Era tão inocente
 Sem muita... Como se diz, Preparação!
 Mas funcionava bem.
 Não era festa de salão
Que até tinha em algum lugar.
 Mas não me apetecia.
 Festa que me cativava
 Era sempre no bom e velho quintal
 Onde a fogueira ardia até o amanhecer.
 Em minha lembrança
 Sempre estará presente; Tinha quentão, Pipoca, Canjica,
 Amendoim bem torradinho.
 Milho verde na brasa E não podia faltar A doce batata
 Envolta na cinza da fogueira Pra assar e depois...
 Ah tempo bom, acredite
O homem ainda soltava balão
 E era balão pequeno Parecia até inocente pelo tamanho
 Tanto e quanto A inocência do sertanejo
 Que era tão grande
 O ponto desta simplicidade
 Que no outro dia
 O incauto peão acabaria por dizer: “Num sei como meu pasto pegou fogo”!
 Mas logo depois recuperaria o verde
 Com a primeira chuva que viria
 Pronta para anunciar
 O tempo das geadas
 Já que o frio já chegara
 Quase sem notar.
 O sertanejo então batia o fogo que restava
 Causado pelo pequenino balão
 E como simpatia
 Não sei pra quê
 E nem sei se conseguia
 Nem mesmo
 Um sorriso faceiro de alguma Maria
 O certo é que, pouco depois
 Sapateava pelas brasas
 Das fogueiras de São João.
 Mas era de uma pura inocência
 E crendice até na alma.
 Pior é hoje o moderno balão
 Feito por rebeldia
 Que queima até Refinaria.
 Que sobe majestoso
 Mas que cai sobre residências e hospitais e é tormento
 Não escolhe lugar pra cair
 É mais que um folguedo inocente
 É destruição iminente
 Caindo sem destino!
 Ah que saudade de minha juventude
 Das festas juninas da minha infância
 Da velha sanfona
 E de um pequeno balão
 Que graças a Deus...
 Não subiu!

 Marcondes Filho

Um comentário:

  1. nunca gostei de festa junina, mas é uma cultura muito forte aqui no brasil.

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